Jaime Sodré, referência em História da Cultura Negra, morre aos 73 anos

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Foto de reprodução na TV Bahia / Publicado pelo ‘Correio 24horas’

Nayara Homem, Por dentro da África

Foi com profundo pesar que, nesta quinta-feira (06/08), recebemos a notícia do falecimento de um ícone da história e cultura do Brasil, o historiador e professor Jaime Sodré, cidadão que marcou a vida de muitas pessoas com seus trabalhos repletos de referências afro-brasileiras e diaspóricas.

O professor possuía muita sensibilidade para a arte. Ele era artista plástico, compositor, escritor e ficou conhecido, principalmente, pelos estudos da História da Cultura Negra e Estudos das Religiões de Matriz Africana, e também por denunciar casos de intolerância religiosa e racismo.

Suas falas sempre traziam a leveza de quem já viu muito, e a generosidade de quem estudou muito, ancoradas pela sabedoria do candomblé. Quantas vidas um professor, um mestre de tamanha grandeza é capaz de impactar? Difícil mensurar, porém é possível ver na cidade de Salvador, em cada rosto negro altivo, mais conhecimento sobre suas origens graças ao trabalho comprometido de historiadores e professores como Jaime Sodré.

Amigos e autoridades lamentaram profundamente a partida do intelectual baiano e destacaram a importância da sua contribuição para a cultura nacional. Entre muitos de seus textos publicados, estão: “A influência da religião afro-brasileira na obra escultórica do Mestre Didi”, “Manuel Querino: Um herói da raça e classe”, “EXU-A forma e a função”  e “Ialorixá, o poder singular feminino”.

A Universidade Federal da Bahia (Ufba), na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba) publicaram notas de pesar.

Ufba

A Universidade Federal da Bahia lamenta o falecimento do historiador, escritor, artista plástico e músico Jaime Sodré.

Graduado em desenho e plástica e mestre em teoria e história da arte pela Escola de Belas Artes da UFBA, Jaime Santana Sodré Pereira era professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba, antigo Cefet-BA) e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).  

Pesquisador da herança rítmica, religiosa e cultural de matriz africana na sociedade brasileira, Jaime Sodré publicou diversos livros sobre a temática, dois dos quais pela Edufba: “Da diabolização à divinização: a criação do senso comum” (2010) e “A influência da religião afro-brasileira na obra escultórica de Mestre Didi” (2006), fruto de sua dissertação de mestrado. Foi ainda membro do comitê de ética da UFBA e colaborador de primeira hora do Centro de Estudos Afro-orientais (CEAO) e de diversos pesquisadores de nossa Universidade. 

Ligado à Comunidade Tradicional de Terreiro do Zoogodô Bogum Malê Rundô – o famoso Terreiro do Bogum -, Jaime Sodré foi um destacado defensor dos direitos dos terreiros de candomblé. Em sua obra, destacam-se o comprometimento e o engajamento pela afirmação das narrativas e trajetórias negras recorrentemente negligenciadas – razão pela qual Sodré foi agraciado com prêmios, como o troféu Caboclo da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (2005), e homenagens, como a medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador.

Enlutada, a Universidade Federal da Bahia solidariza-se aos familiares e amigos do grande intelectual e cidadão Jaime Sodré.

Uneb

A Reitoria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) expressa o seu profundo pesar pelo falecimento, na tarde de hoje (6), do professor Jaime Sodré, docente desta casa há 34 anos. O sepultamento será realizado amanhã (7), às 9h, no Cemitério Campo Santo, em cerimônia restrita aos familiares.

Também poeta, percussionista, escritor e artista plástico, Jaime Santana Sodré Pereira foi admitido pela UNEB em 1º de março de 1986. Na instituição, era vinculado ao Colegiado do Curso de Design, graduação com a qual contribuiu com muita dedicação para a construção e efetiva consolidação.

Graduado em Desenho e Plástica, pela Escola de Belas Artes da Ufba, era mestre em Teoria e História da Arte, pela mesma instituição, e possuidor do título de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC) da UNEB.

Dedicado às conexões entre design, arte, história e cultura, desenvolveu importantes estudos sobre a herança de matriz africana na sociedade brasileira e baiana. É autor dos livros “Da diabolização à divinização: a criação do senso comum” (2010); “A influência da religião afro-brasileira na obra escultórica do Mestre Didi” (2006); “Manuel Querino: herói da raça e classe” (2001); e “As histórias de Lokoirokotempo: o candomblé” (1995).

O docente foi também destacado ativista no combate ao racismo e à intolerância religiosa, tendo recebido prêmios e homenagens como o Troféu Caboclo, da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, e a medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador.

Seu profissionalismo, inteligência e simpatia sempre foram destaque em sua atuação, assim como o cuidado com colegas e estudantes. A comunidade acadêmica desta instituição, consternada, deseja conforto aos familiares neste momento de dor.

Reitoria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Ifba

Com profundo pesar, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia comunica o falecimento do professor e historiador Jaime Santana Sodré nesta quinta-feira (6).

Doutor em História da Cultura Negra, Jaime Sodré foi professor do IFBA (no antigo Cefet) e integrou o quadro docente da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
A perda do professor Jaime Sodré é uma página triste na história da Bahia e que consterna a todos(as) do IFBA.

Enlutada, a comunidade do Instituto manifesta sua solidariedade a familiares e amigos do professor Jaime, que será sempre lembrado com a mesma deferência e admiração que inspirou ao longo de sua vida e trajetória como educador e pesquisador.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia