Dossiê aborda as condições de vida das mulheres negras no Brasil

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Dossiê das mulheresCom informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

Rio – Ao longo dos últimos anos, as questões relativas à igualdade de gênero e raça têm ocupado cada vez mais espaço na agenda pública nacional, tanto no que se refere aos debates e reflexões promovidos pelo movimento social e pela academia, quanto na apropriação dos temas pelas instituições do Estado. Neste contexto, o desenvolvimento de um conjunto de políticas de caráter afirmativo, que se somam às importantes políticas universais, tem contribuído, sem dúvida, para a conformação de uma sociedade que avança paulatinamente rumo à igualdade.

Publicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Dossiê Mulheres Negras  (disponível para download) foi elaborado e organizado pelas autoras Mariana Mazzini Marcondes, Luana Pinheiro, Cristina Queiroz, Ana Carolina Querino e Danielle Valverde com o intuito de estimular reflexões.

As conquistas alcançadas no campo da igualdade de gênero e raça, porém, não podem ofuscar os enormes desafios ainda impostos. Os indicadores sociais disponibilizados todos os anos em nível nacional, e consolidados na publicação Retrato das desigualdades de gênero e raça, editada pelo Ipea em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) e a ONU Mulheres, permitem dimensionar as grandes distâncias que ainda separam homens e mulheres e negros e brancos. De qualquer ângulo em que se tomem estes grupos – no campo da saúde, do trabalho, da educação, no espaço doméstico –, a realidade ainda revela muitas desigualdades. A persistência deste cenário aponta, a cada dia, para a força estruturante dos valores e convenções de gênero e raça na conformação do quadro maior de desigualdades que ainda marca o país.

Para a compreensão desses fenômenos, há que se considerar a relevância de um novo conceito, há pouco apresentado ao debate público e já percebido como de grande utilidade e relevância. Trata-se da ideia de interseccionalidade, que re- monta às dinâmicas e processos de interação entre dois ou mais eixos de subor- dinação na construção de situações de exclusão e opressão. Isto significa que tais situações são vivenciadas de forma diferenciada se consideradas mulheres negras e brancas, ou homens negros e brancos. São ainda mais diferenciadas se inseridas na análise as categorias de classe, geração, regionalidade ou orientação sexual, por exemplo. A menção a desigualdades de gênero, considerando-se apenas homens e mulheres, torna-se, a partir desta perspectiva, bastante simplificador, e não reflete inteiramente o que de fato acontece.

De forma inovadora, as instituições parceiras abrem espaço para que as questões aqui colocadas sejam analisadas a partir da perspectiva de jovens mulheres negras, convidadas a estudar um conjunto de8Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil

indicadores sociais capazes de evidenciar as inúmeras desigualdades integrantes de suas experiências enquanto pertencentes ao grupo que vivencia, no cotidiano, o impacto destes processos múltiplos e simultâneos de exclusão.

Para o Ipea, integrar este esforço interinstitucional é cumprir à risca sua mis- são de produzir, articular e contribuir para que seja gerado conhecimento capaz de alterar, de fato, a realidade ainda vivenciada pelo país.

Clique aqui para ler na íntegra: Dossiê_mulheres_negras 

Com informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)