Iniciativa transforma chinelos recolhidos na costa do Quênia em artesanatos exportados para mais de 20 países

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Natalia da Luz, Por dentro da África

Roma – Pelo Oceano Índico, chegam milhares de chinelos de borracha, que criam um verdadeiro desastre ambiental, comprometendo não apenas o cenário da costa do Quênia, mas toda a vida marinha da região. Em um mutirão de criatividade, de forma artesanal, toneladas de borracha são transformadas em representações de elefantes, girafas, rinocerontes, produzindo conscientização e renda para as comunidades.

– Este projeto é vital porque é capaz de reduzir os níveis de pobreza, espalhar a mensagem de conservação marinha, manter nosso ambiente limpo e melhorar a vida de muitas pessoas – contou, em entrevista exclusiva ao Por dentro da África, Joe Mwakiremba, representante do Ocean Sole.

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O projeto emprega cerca de 50 artesãos que, hoje, podem contar com um salário oriundo do trabalho com esses chinelos – , um dos maiores poluentes marinhos das praias do Oceano Índico. Desta forma, Ocean Sole se apresenta como uma grande solução para um problema crítico e traça a sua missão: reciclar mais de 400 mil chinelos ao ano, criando artesanatos para vender em todo o mundo.

Como em muitos países em desenvolvimento, os chinelos são os calçados mais acessíveis à população do Quênia e também usados por dezenas de turistas que visitam as praias no leste da África. Ao mesmo tempo, outros resíduos de plástico acabam nas mesmas margens, levados por correntes de lugares como China e Indonésia.

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– O programa leva cultura, e essa renda ainda ajuda os funcionários a educarem seus filhos, suprindo as necessidades básicas de suas famílias. Cada produto é único, protege os oceanos e ensina ao mundo sobre as ameaças de lixo marinho – disse o queniano.

O relatório “Revitalização da economia do Oceano: O caso para a ação – 2015 “, da WWF, analisa o papel do mar como uma potência econômica e ressalta as atuais ameaças. O valor dos ativos principais dos oceanos é estimado em, pelo menos, US$ 24 trilhões. Se considerarmos o ranking das 10 maiores economias do mundo, o oceano estaria em 7º lugar, com um valor anual de bens e serviços na ordem de US$ 2,5 trilhões.

Aproveitar a riqueza do mar e reciclar o lixo é a missão do projeto, que já transformou uma pilha de borracha em 15.000 chaveiros de tartaruga, encomendados pela WWF, e em uma girafa de 18 metros que foi enviada à Roma para ser exibida durante eventos de moda.

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A organização foi criada pela bióloga Julie Church, em 1997, quando trabalhava em um projeto de preservação de tartarugas marinhas na ilha remota do Kiwayu, perto da fronteira entre o Quênia e Somália. Ao longo dos anos, o projeto cresceu até se transformar no Ocean Sole, em 2005. Hoje, a empresa destina 5% do lucro para a Fundação Ocean Sole e 25% para a criação de esculturas gigantes.

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– Quando as pessoas começaram a saber sobre o objetivo do nosso projeto, os esforços começaram a ser apreciados. As vendas dispararam e, assim, estimulamos a consciência de conservação – contou Mwakiremba, lembrando que esses produtos são comercializados localmente, mas principalmente por zoológicos e aquários de 20 países, entre eles Estados Unidos e Japão.

Diante de uma montanha de chinelos, os trabalhadores selecionam aqueles que deverão usar em suas criações. Os artesãos, em seguida, limpam as sandálias e separam-as por cor para darem início às suas criações, mostrando que é possível contribuir para um oceano saudável.

Saiba mais sobre o projeto aqui 

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