Sul-africanos ocupam ruas contra o presidente Jacob Zuma

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Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo
Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo

Por Thathiana Gurgel, Por dentro da África

Cidade do Cabo – Milhares de sul-africanos foram às ruas na última terça-feira (8) pedir a saída do presidente Jacob Zuma, colecionador de uma série de denúncias de corrupção. No mesmo dia, parlamentares votaram uma moção de censura* que implicaria na retirada dele do poder. No final do dia, a moção foi rejeitada por 198 votos contra, 177 a favor e nove abstenções.

Diante do Parlamento, milhares de manifestantes exibiam insatisfação em cartazes e camisas no centro da Cidade do Cabo, capital legislativa do país. Um telão transmitia ao vivo os votos dos deputados.

“O Parlamento existe para representar o povo e não os interesses econômicos e pessoais de alguns. A Constituição existe para ser cumprida”, dizia um parlamentar ovacionado no ato.

Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo
Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo

Apesar da importância da votação, muitas pessoas não acompanhavam o que acontecia dentro do Parlamento. John, por exemplo, recepcionista de uma escola de idiomas, disse que Zuma é bom presidente. Indagado sobre os escândalos de corrupção que envolvem o chefe de Estado, ele completou que ‘todos os políticos roubam e que o problema, na verdade, são as pessoas que não fazem por onde para melhorarem de vida’.

Já Mbele Rhato, militante da Aliança Democrática (AD), partido que, historicamente, faz forte oposição ao CNA, pedia a saída imediata de Zuma.

“Queremos proteger o nosso país! Zuma é corrupto; ele construiu sua casa de 230 milhões de rands (cerca de 60 milhões de reais) e agora nós estamos sofrendo. Estamos aqui para dizer que os partidos têm que se unir!”.

Jacob Zuma foi eleito em 2009 e reeleito em 2014, após a vitória do Congresso Nacional Africano, partido que ele também preside. O sul-africano é acusado de corrupção, estelionato e de prejudicar a economia nacional ao favorecer interesses pessoais de empresários. 

Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo
Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo

O político tem mais que 700 acusações de corrupção pendentes na Justiça. Em 2016, foi obrigado a devolver, por ordem do Tribunal Constitucional, 500 mil euros (1,8 milhão de reais) de recursos públicos gastos de forma irregular na reforma de sua casa.

Além das acusações de corrupção, ele também foi acusado de estupro em 2005, mas foi absolvido. Esta foi a sétima moção de censura enfrentada por ele. Ele saiu vitorioso em todas.

*No sistema parlamentarista, a moção de censura (ou desconfiança) é uma proposta parlamentar apresentada pela oposição com o objetivo de constranger e tirar o presidente do poder. Ela é aprovada ou rejeitada por meio de votação e, caso aprovada, o governo é obrigado a renunciar ou a pedir a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais. No sistema presidencialista a moção de censura pode ser proposta e votada, mas possui representatividade simbólica, apenas.

Thathiana Gurgel, na Cidade do Cabo
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