Podcast: Segurança alimentar no continente africano e o Nobel da Paz para o WFP

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Por dentro da África

O podcast Por Dentro de África inicia hoje uma nova temporada. Este espaço de conversa produzido por estudantes de Doutoramento em Estudos Africanos sobre trabalhos de investigação científica sobre o continente africano está de volta com novos episódios e mais temas interessantes.

O primeiro episódio desta 2ª temporada teve o privilégio de conversar com Daniel Balaban, representante do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) no Brasil e também diretor do Centro de Excelência Contra a Fome. Clique aqui para ouvir:

O WFP, maior agência humanitária do mundo, foi premiada em Outubro de 2020 com o Nobel da Paz e, desde então que, se recolocou o problema da fome e da pobreza extrema no centro das atenções. A questão da fome, dizem os peritos, está intrinsecamente ligada à paz.

“Enquanto houver fome no mundo não haverá paz”

Segundo Daniel Balaban, atualmente 690 milhões de pessoas não têm o que comer e enquanto não for suprida esta necessidade básica não é possível ter um mundo justo e evitar os conflitos e as guerras.

Balaban afirma que é possível acabar com a fome no mundo e para tal só é preciso que haja vontade política: “A fome não é algo natural, não é um problema das pessoas que não trabalham ou não querem trabalhar. Todo o ser humano tem direito a uma alimentação adequada e só assim teremos um planeta mais justo e condições para o desenvolvimento.”

O representante do WFP no Brasil refere que o seu país é uma referência no mundo no combate à fome, especialmente em relação ao programa da alimentação escolar que beneficia cerca de 40 milhões de estudantes. A experiência foi exportada para o mundo em particular para países do continente africano.

A Costa do Marfim acolheu o 1º Centro de Excelência Contra a Fome que se estendeu depois a outros países como o Níger, Togo, Benim e Zimbábue. Uma instituição que funciona como um “braço” do WFP e ajuda os países a definir e implementar políticas de alimentação escolar.

Daniel Balaban, que acompanhou o processo de implementação de políticas de alimentação escolar desde o início, é otimista e afirma que o interesse dos Governos africanos e dos políticos é cada vez maior, e que embora se trate de Estados com democracias jovens e algumas até fragilizadas, tudo têm feito para implementar as políticas de alimentação.

Balaban refere que se trata de um grande ganho com impacto a vários níveis: “todo o país do mundo que faz um programa de alimentação colhe resultados não só no campo da educação, mas também saúde, agricultura, economia local e regional e no desenvolvimento social.”

A partilha de experiências e cooperação multilateral é fundamental, mas Balaban ressalta que para o completo sucesso dos programas, é importante que os países assumam e façam a gestão dos mesmos.

Em 21 de Outubro, celebra-se mais um dia da Alimentação Escolar no continente africano que também este ano, tal como no anterior, devido à pandemia Covid, traz outros desafios. Para Balaban, o momento atual, é de reflexão sobre as reais prioridades do ser humano.

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