Luiza Bairros, ex-ministra da Igualdade Racial, morre aos 63 anos

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Luiza Bairros

Com informações do Sepromi

A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia (Sepromi) recebeu com imenso pesar a notícia do falecimento da ex-ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir-PR), Luiza Bairros, ocorrido na manhã desta terça-feira (12), em Porto Alegre (RS). Bairros esteve à frente da Sepromi entre 2008 e 2011, assumindo na sequência o cargo de primeiro escalão no Governo Federal, função ocupada até 2014.

Luiza Bairros morava em Salvador desde 1979, onde atuou em diversos movimentos sociais, com destaque para o Movimento Negro Unificado (MNU). Participou ativamente das principais iniciativas do movimento negro na Bahia e no Brasil, sendo que, em 1991, foi eleita como a primeira coordenadora nacional do MNU. Graduada em Administração Pública e de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também era mestra em Ciências Sociais (UFBA) e de Doutora em Sociologia (Universidade de Michigan – USA).

“Luiza Bairros foi, sem dúvidas, uma das principais protagonistas no trabalho pioneiro da Sepromi. Assumiu a pasta quando a Bahia começava a pensar seriamente as políticas de igualdade de gênero e raça, no âmbito governamental. Esteve pessoalmente empenhada em projetos de interesse da população afro-brasileira, inclusive influenciando em políticas de cooperação internacional”, afirmou a atual titular da Sepromi, Vera Lúcia Barbosa, externando solidariedade à família. “Para o movimento negro e de mulheres no Brasil deixa profundas reflexões sobre a importância de uma firme atuação política pela igualdade de gênero e raça”, completou.

Trabalhou em programas das Nações Unidas (ONU) contra o racismo em 2001 e em 2005. Uma das principais contribuições de Luiza Bairros para a esfera governamental brasileira foi a consolidação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), instrumento inovador na implementação de políticas de promoção da igualdade racial no Brasil, visando o fortalecimento e institucionalização de órgãos, conselhos, ouvidorias e fóruns voltados à temática.

Dentre as honrarias recebidas na vida pública estão a medalha Zumbi dos Palmares (2011), emitido pela Câmara Municipal de Salvador, o título de Cidadã Baiana (2013), concedido pela Assembleia Legislativa da Bahia, além do diploma Bertha Lutz (Março deste ano), entregue pelo Senado Federal a pessoas que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e a questões de gênero no Brasil.

“Pelas inúmeras contribuições e ensinamentos de Luiza Bairros, sem dúvidas, podemos dizer que o movimento negro brasileiro e o conjunto das organizações de mulheres negras vivem hoje um luto profundo. Fica um grande legado e o compromisso de continuar a sua luta”, reforçou a secretária da Sepromi.

Intelectualidade – Bairros também era uma das mulheres negras de trabalho mais expressivo no ambiente acadêmico do país. Artigos sobre racismo, sexismo e o negro no mercado de trabalho foram as principais publicações, prestigiados peças revistas Afro-Ásia, Análise & Dados, Caderno CRH, Estudos Feministas, Humanidades, e Força de Trabalho e Emprego. Além disso, seu pensamento estava presente em livros e em periódicos das Nações Unidas no Brasil.

Apresentou trabalhos em diversos seminários, congressos e eventos expressivos, promovidos por universidades, agências governamentais, não-governamentais e internacionais, abordando as questões racial, da mulher, de gênero e o enfrentamento ao racismo institucional. Em 2001 fez importante pronunciamento em conferência das Nações Unidas, relativa à Declaração e ao Programa de Ação de Durban, realizada em Nova York.