Por Fernando Guelengue, Por dentro da África

Luanda – O ativista Osvaldo Caholo, um dos detidos no processo dos 15+2, condenado a quatro anos e seis meses por crime de rebelião e tentativa de golpe de Estado, denunciou a perseguição que tem sofrido pelos agentes dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado.

O ativista, que é o único militar do grupo, recebeu uma bolsa de estudo para o curso de língua inglesa numa das instituições mais conceituadas de Angola, antes da detenção em junho do ano passado.

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-Fui estudante na Luanda Communication Centre, mas tive que trancar o curso, acumulando o saldo. Depois da minha soltura, um responsável da instituição concebeu-me uma bolsa. Para o meu espanto, logo depois, ele me informou que funcionários do Serviço de Inteligência estiveram lá e mandaram cancelar a bolsa alegando que ela representava um perigo à sociedade – disse Caholo, que é formado em Comando e Direção e Emprego de Forças de Mísseis anti-aéreos.

Ao chegar e sair da instituição, Caholo lembra de ter cruzado muitas vezes com o procurador que conduziu o processo dos 17 ativistas.

Maka-Angola-Suponho que ele também esteja por trás desta situação. Informaram-me que os agentes têm um plano de pressão para, no futuro, usarem o meu trabalho como agente deles”, denunciou o jovem que está sem salário desde setembro do ano passado.

Por outro lado, o angolano, que também era professor assistente na Universidade Técnica de Angola (UTANGA) na matéria de História das Relações Internacionais Africanas, é descendente de família com fortes relações com o MPLA, partido no poder desde a independência de Angola, em 1975.

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Caholo foi selecionado antes da sua detenção (em junho de 2015) para integrar os quadros da diplomacia militar angolana, na direção nacional de Relações Internacionais, como adido adjunto numa das representações de Angola. Mesmo na vida militar, iniciou o ativismo em 2011 com a missão de ajudar no combate a corrupção.