Especial: Guiné Equatorial recebe a Copa Africana de Nações

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Copa Africana das Nações – divulgação

André Carlos Zorzi, Por dentro da África

(estudante de jornalismo da PUC-SP)

São Paulo – A Copa Africana de Nações é o maior torneio de futebol disputado no continente africano, realizado a cada dois anos. Em sua 30ª edição, ela será disputada entre os dias 17 de janeiro e 8 de fevereiro na Guiné Equatorial.

O torneio foi realizado pela primeira vez em 1957 e já passou por diversas alterações no sistema de disputa. Desde 1996, porém, a competição conta com 16 participantes distribuídos por quatro grupos, sendo que os dois melhores de cada um avançam às quartas de final.

Em 2015 estarão presentes com força máxima as seleções de África do Sul, Argélia, Burkina Faso, Congo, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné-Conacri, Guiné Equatorial, Mali, República Democrática do Congo, Senegal, Tunísia e Zâmbia. A campeã vigente Nigéria não conseguiu se classificar, assim como o Egito, maior vencedor da história da Copa, com sete títulos.

Histórico do torneio para 2015

No primeiro semestre de 2011 foi delegado ao Marrocos o direito de sediar o mais importante torneio continental de futebol da África em 2015. Obras foram realizadas para melhorar a infraestrutura dos estádios que também foram utilizados para receber jogos do Mundial de Clubes da FIFA.

Copa Africana das Nações – divulgação

Confira o guia sobre a competição produzido pelo colaborador André Carlos Zorzi – Guia da CAN 2015 – Portal Africano de Futebol

Porém, em outubro de 2014, faltando pouco mais de três meses para o início da competição, as autoridades marroquinas pediram um adiamento do torneio em virtude da epidemia de ebola que havia atingido, principalmente, três países da África Ocidental: Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri.

A CAF não aceitou o pedido, e o imbróglio se estendeu até o meio de novembro, quando finalmente decidiu-se que a CAN do ano seguinte não seria mais organizada pelos marroquinos. Com a desistência, o Marrocos terá de arcar com uma multa de cerca de 20 milhões de dólares, além de não poder participar das próximas duas edições do torneio.

Apesar da justificativa oficial dada pelo governo marroquino ter sido a proteção à saúde de seus habitantes, o assunto deu margem às críticas e até à criação de teorias paralelas para a real motivação da desistência. Em entrevista coletiva no início de dezembro, o experiente técnico francês Claude Leroy, que possui uma dezena de passagens por seleções nacionais, e atualmente treina o Congo-Brazzaville afirmou: “dizem que é por causa do vírus Ebola, mas em minha opinião, é apenas uma desculpa que não me convence. […] O Marrocos está estruturalmente preparado, mas não esportivamente, pois sua seleção nacional está fraca no momento. […] Pessoalmente, eu penso que é uma decisão muito geopolítica. Eles estão com medo de que a Argélia triunfe em sua terra.”

Guiné Equatorial: o país-sede

Copa Africana das Nações – divulgação

Único país da “África Negra” a possuir colonização espanhola, a nação tem pouco mais de 700 mil habitantes de acordo com estimativa da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos. De acordo com o último relatório da ONU, a Guiné Equatorial possui o 43o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do planeta, ocupando a 144a posição entre 187 países, sendo o último da lista dos países com índice mediano.

O país é governado desde agosto de 1979 pelo presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. Chefe de Estado africano há mais tempo no cargo, ele assumiu o poder graças a um golpe aplicado em Francisco Nguema, seu tio e primeiro presidente da história do país. Nas últimas eleições, em 2009, Obiang chegou ao seu 3o mandato consecutivo, que terminará em 2016. Nas últimas eleições legislativas, em 2013, o PDGE conquistou 99 das 100 vagas na Câmara de Deputados, e 69 das 70 vagas no Senado do país. Com isso, o respeito às liberdades civis e direitos políticos acabam sendo os piores possíveis de acordo com o a ONG Freedom House, que classifica o país como “Sem Liberdade”.

A liberdade de imprensa também é outro ponto bastante criticado no país. A Guiné Equatorial é o 13o país pior colocado em uma lista de 180 nações neste quesito, de acordo com os levantamentos do Índice Mundial de Liberdade de Imprensa 2014 elaborado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras. O relatório ainda mostra que nenhuma violação à liberdade de imprensa foi registrada no ano por conta da completa ausência de imprensa independente, com muitos jornalistas tendo que se auto censurar ou fugir do país.

Confira o guia aqui 

Por dentro da África