‘Yobalema’: O encontro musical entre Senegal e Brasil em Berlim

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NAPALMA – Foto de Divulgação

Natalia da Luz, Por dentro da África

Com letras em wolof*, uma das línguas faladas no Senegal, o álbum ‘Yobalema‘ une influências e melodias da África Ocidental com arranjos eletrônicos e percussões variadas. Formado pelo brasileiro Cid Travaglia e pelo senegalês Abass Ndiaye, o duo desenvolveu, em Berlim (Alemanha), um trabalho multicultural que já ganhou algumas rádios no Brasil, Moçambique, África do Sul, Egito e Austrália.

“Yobalema significa ‘Leva-me contigo’ e é sobre duas almas gêmeas que se complementam em uma relação de amigos, casais ou parceiros”, explica Cid, idealizador do Grupo NAPALMA, responsável pela produção.

Cid Travaglia – Arquivo Napalma

Em 16 anos de estrada e mais de mil shows em 25 países, o NAPALMA esteve em diferentes continentes, mas foi na África que fortaleceu sua essência. O grupo esteve baseado na África do Sul e Moçambique por mais de 10 anos e viajou intensivamente por esses países, além de Zimbábue, Namíbia, Botsuana, eSwatini, Ilhas Seychelles, Quênia e Egito. Neste período, diversos músicos africanos dedicados aos instrumentos de percussão, sopro e cordas passaram pela banda, que se apresentou em eventos como Montreux Jazz Festival, Boom Festival e Cairo Casa de Ópera.

“Essa é a primeira vez que o NAPALMA passa por uma troca de vocalista. Tivemos o moçambicano Ivo Maia por 14 anos e agora um senegalês, que leva o nosso som para outras direções, outras energias e influências. É um elemento renovador”, contou o brasileiro que escolheu Berlim como base para fortalecer as conexões culturais que a cidade lhe permite.

Segundo Cid, as letras falam de assuntos diferentes fazendo um tributo à arte urbana. As composições de Abass passam mensagens de conexões espirituais sobre cuidar e respeitar o próximo.

“Escrevo sobre paz, solidariedade, amor, humanidade, política (às vezes). Tudo isso está presente na minha vida de artista. Penso que esse trabalho é uma mistura interessante de culturas diferentes. A música proporciona esse cruzamento”, contou Abass ao Por dentro da África.

O músico senegalês nasceu em Casamansa, sul do país. Cresceu em uma família de griots, ouvindo histórias ao som de kora, instrumento que ele costumava tocar em suas apresentações.

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“Eu comecei a tocar bem cedo, com uns 8 ou 9 anos. Kora é um instrumento mágico, muito representativo para a minha cultura, para o meu país e também para os vizinhos, principalmente para o Mali”, lembrou Abass.

Abass Ndiaye – Divulgação

Neste trabalho atual, o artista não toca o instrumento de cordas tão difundido pela África Ocidental, mas empresta a sua voz potente e habilidade de compor. Em ‘Yobalema’, a dupla utiliza guitarra, percussões variadas como djembé, alfaia, chocalhos e instrumentos reciclados, como garrafa térmica, capacete de obras e máquina de café.

“Além de Abass, a produção do álbum reúne mais um africano: Mogo Naaba, do Togo. A diversidade que a África traz está presente como um elemento essencial do grupo desde o começo. É possível observar isso nas influências dos tambores, ritmos, cantos. Estamos aprimorando toda essa variedade e riqueza”, completou Cid.

Ouça o clipe gravado em Berlim

*Wolof é uma língua falada por mais de 5 milhões de pessoas na África Ocidental, principalmente no Senegal, mas também na Gâmbia, Mauritânia, Guiné-Bissau e Mali.

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