Angola: Centro histórico de Mbanza-Kongo é eleito Patrimônio da Humanidade

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Mbanza-Kongo – Divulgação

Natalia da Luz, Por dentro da África

Neste sábado (8 de julho), o centro histórico de Mbanza-Kongo, em Angola, foi inscrito, pela UNESCO, na lista de Patrimônios da Humanidade. Capital política e espiritual do antigo Reino do Kongo (região onde hoje estão localizados Gabão, República do Congo, Angola e República Democrática do Congo), Mbanza-Kongo representa a importância da tradição kongo e seus conflitos com a chegada dos portugueses e da religião católica. Por dentro da África publicará uma série de reportagens sobre a região. Leia em “Saiba mais” nos links abaixo ou acompanhe a nossa página nas redes sociais.

Um reino que crescia e influenciava parte da África, no século XIII, representa uma civilização de riqueza cultural inestimável.  Formado inicialmente por 144 tribos, esse Império construiu a história e cultura de países como Angola, Congo, República Democrática do Congo e Gabão.

– O reconhecimento do Mbânz’a Kongo é positiva para o mundo, e não apenas para Angola. Milhares do Kongo foram escravizados e levados para as Américas e Europa, por exemplo. O patrimônio da humanidade é material (sítios arqueológicos, monumentos históricos, etc.) e imaterial (línguas, danças, religião, etc.). Por um lado, esse reconhecimento criará condições para rentabilizar o turismo e a pesquisa; por outro, auxiliará nas sobrevivências religiosas de países como Brasil, Cuba e EUA, que também se beneficiarão com essa classificação – conta em entrevista exclusiva ao Por dentro da África Patrício Batsikama, especialista no Reino do Kongo, que há quase duas décadas se debruça sobre essa parte da nossa História.

Leia mais aqui – Herança do Império do Kongo: reconhecimento de M’banza-Kongo beneficia a humanidade

Foi de lá que partiu a maioria dos africanos escravizados desembarcados nas Américas, foi de lá que saiu o primeiro embaixador africano enterrado no Vaticano, também foi lá onde a primeira igreja católica (Kulumbimbi) da África Subsaariana foi erguida.

Em Angola com destaque para Mbanza Kongo
Em Angola com destaque para Mbanza Kongo

– O Kôngo era um Estado muito influente quando os portugueses chegaram. Já havia democracia, como comprovavam  os relatórios de viagem em 1491 (durante a evangelização). Foram os próprios portugueses que, depois de se familiarizarem com os Kôngo, nos chamaram de gregos de África! A região recebeu a primeira Catedral na África Subsaariana, os cidadãos do Kôngo foram ensinar Humanidades em Portugal, já nos séculos XVI e XVII, já uma vez que existiam escolas de qualidade em Mbânz’a Kôngo – disse  Batsîkama.

Saiba mais: “O Kôngo vivia em democracia quando os portugueses chegaram no século XV”, diz Patrício Batsîkama

Com o compromisso de pesquisar e compartilhar a história e os símbolos da cidade, o arqueólogo Bruno Pastre Máximo, colaborador do Por dentro da África, lançou um site baseado em uma vasta pesquisa de campo.

-O site é resultado do interesse em tentar popularizar e divulgar narrativas históricas baseadas na tradição para o grande público, assim como expor como foram interpretadas as histórias dos participantes da pesquisa – disse ao Por dentro da África o brasileiro que contou com a ajuda do produtor local congolês Blaise Matondo.

As histórias de Mbanza-Kôngo: Arqueólogo lança site sobre a capital do antigo Reino do Kongo

 

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