ONU: 54% das pessoas que vivem com HIV não sabem que têm o vírus

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Foto HIV - ONU
Foto HIV – ONU

Com informações da ONU Brasil

Rio – Um novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) destaca que 19 milhões das 35 milhões de pessoas que atualmente vivem com HIV no mundo não sabem que têm o vírus.

“A vida não deve depender do acesso a um teste de HIV”, disse o diretor executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “Ampliar as ações de forma estratégica é crucial para diminuir a distância entre as pessoas que sabem e as que não sabem que têm HIV, entre as que têm acesso a serviços e as que não o têm”, completou.

relatório “Gap” – que significa “lacuna” em inglês – do UNAIDS revela que, quando descobrem que têm HIV, as pessoas buscam o tratamento que vira a salvar suas vidas. Na África subsaariana, quase 90% das pessoas portadoras do HIV estão em tratamento antirretroviral (ART).

Pesquisas mostram que, na mesma região, 76% dos indivíduos em ART alcançaram a supressão do vírus – o que significa que a possibilidade de transmissão para seus parceiros sexuais é pouco provável. Novas análises demonstram que, para cada aumento de 10% na cobertura de tratamento, há uma redução de 1% em novas infecções pelo HIV.

O relatório ressalta que os esforços para ampliar o acesso a ART estão dando certo. Em 2013, mais 2.3 milhões de pessoas passaram a ter acesso aos medicamentos, elevando o número global de indivíduos recebendo ART para cerca de 13 milhões em 2013. O UNAIDS estima que, até julho de 2014, cerca de 14 milhões de pessoas estarão acessando ART.

“Se acelerarmos todas as ações de enfrentamento ao HIV até 2020, estaremos no caminho certo para acabar com a epidemia até 2030”, disse Sidibé. “Se não o fizermos, corremos o risco de aumentar significativamente o tempo que levaríamos para atingir essa meta – adicionando a ele ao menos mais uma década.”

Se o mundo conseguir dar fim à epidemia até 2030, serão evitadas 18 milhões de novas infecções por HIV e 11,2 milhões de mortes relacionadas à aids entre 2013 e 2030.

O fim da epidemia

un-hiv-targets2O relatório Gap revela que 15 países respondem por mais de 75% dos 2,1 milhões de novas infecções por HIV que ocorreram em 2013. São eles: Brasil, Camarões, China, Índia, Indonésia, Quênia, Moçambique, Nigéria, Rússia, África do Sul, Uganda, Tanzânia, EUA, Zâmbia e Zimbábue.

O relatório conclui que – em todas as regiões do planeta – a maior carga da epidemia recai sempre sobre três ou quatro países. Na África subsaariana, apenas três países – Nigéria, África do Sul e Uganda – respondem por 48% de todas as novas infecções por HIV.

Entretanto, o relatório revela ainda que países inteiros estão sendo deixados para trás: por exemplo, a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, a Indonésia, a Nigéria, a Rússia e o Sudão do Sul estão enfrentando a ameaça tripla da alta carga de HIV, da baixa cobertura de tratamento e de nenhum ou pouco declínio no número de novas infecções.

O relatório Gap do UNAIDS – o primeiro a fazer este tipo de estudo – enfatiza a importância do enfoque na localização geográfica e nas populações, por meio de uma análise regional aprofundada da epidemia e da análise de 12 populações mais vulneráveis ao vírus.

ONU pede foco em populações mais vulneráveis

O documento investiga as razões para a crescente lacuna entre as pessoas que têm acesso a prevenção, tratamento, cuidados e apoio, e as que estão sendo deixadas para trás – e revela que a chave para dar fim à epidemia de AIDS é focar nas populações mais vulneráveis.

Estima-se que a prevalência de HIV seja 28 vezes maior entre pessoas que usam drogas injetáveis; 12 vezes maior entre os profissionais do sexo; e até 49 vezes maior entre transexuais femininas quando comparado ao restante da população adulta.

Na África subsaariana, meninas adolescentes e mulheres jovens respondem por uma em cada quatro novas infecções por HIV. O relatório Gap analisa por que certas populações não acessam serviços de saúde e reitera a necessidade urgente de atender às suas necessidades específicas.

“Não daremos fim à Aids sem colocarmos as pessoas em primeiro lugar; sem garantir que quem vive com a epidemia e quem é afetado por ela se tornem parte de um novo movimento”, disse Sidibé. “Sem uma abordagem centrada nas pessoas, não iremos muito longe na era pós-2015”, acrescentou.

O relatório mostra que é ao mesmo tempo essencial e possível ir além da abordagem com foco em nível nacional. Ao levar em consideração que países e regiões abrigam epidemias múltiplas e variadas, o relatório ressalta que possuir metas nacionais e sólidas políticas públicas facilita a abordagem de microepidemias complexas com soluções locais contextualizadas, que facilitam o acesso das pessoas a melhores serviços de saúde.

O documento observa que as cidades e as comunidades terão um papel cada vez mais importante na ampliação de ações efetivas de combate ao HIV.

Por outro lado, o relatório também revela que a carência de dados sobre as pessoas mais afetadas pelo HIV, o estigma e a discriminação generalizados, os ambientes legais punitivos, as barreiras ao engajamento popular e a falta de investimentos em programas localmente contextualizados estão atrasando as soluções.

O documento confirma que os países que ignoram a discriminação e toleram as desigualdades não irão atingir o seu pleno potencial, e poderão enfrentar as graves consequências financeiras e de saúde pública que resultam de sua inércia. O relatório sublinha que a igualdade de acesso a serviços de HIV de qualidade é um imperativo dos direitos humanos e da saúde pública.

Esperança e lacunas

O UNAIDS relata os menores níveis de novas infecções por HIV nesse século: 2,1 milhões [1,9 – 2,4 milhões]. Nos últimos três anos, as novas infecções caíram 13%.

Estima-se que, em todo o mundo, 35 milhões de pessoas viviam com HIV no fim de 2013. As mortes relacionadas com a aids atingem agora os seus menores números desde o pico em 2005: caíram 35%. A tuberculose continua a ser a principal causa de morte entre as pessoas que vivem com HIV.

Novas infecções por HIV entre crianças caíram 58% desde 2001, e pela primeira vez estavam abaixo de 200 mil nos 21 países mais afetados da África.

De acordo com o relatório Gap, o maior número de pessoas vivendo com HIV encontra-se na África subsaariana: 24.7 milhões [23,5 milhões – 26,1 milhões]. A Ásia e o Pacífico abrigam a segunda maior população de pessoas vivendo com HIV, em um número estimado de 4,8 milhões [4,1 – 5,5 milhões].

A maior porcentagem de pessoas que vivem com HIV em tratamento encontra-se na Europa Ocidental e na América do Norte, com 51% [39-60%], e na América Latina, com 45% [33-51%]. Porém, a menor cobertura está no Oriente Médio e no Norte da África, com apenas 11% [8-16%].

O Caribe é a região onde as novas infecções por HIV mais caíram: 40% desde 2005. Contudo, desde o mesmo ano, as novas infecções por HIV aumentaram 8% na Europa Ocidental e na América do Norte; 7% no Oriente Médio e Norte da África; e 5% na Europa Oriental e na Ásia Central.

Percebeu-se que as mortes relacionadas à aids cresceram vertiginosamente no Oriente Médio e no Norte da África, em 66%. As outras regiões onde as mortes relacionadas à aids estão crescendo são a Europa Oriental e a Ásia Central: aumentaram 5% entre 2005 e 2013.

O relatório Gap sublinha que, para diminuir a lacuna entre as pessoas que tem acesso aos serviços de saúde e as que não o têm exigirá pesquisa e inovação, associadas a leis de proteção que promovem a liberdade e a igualdade para todas as pessoas.

Para que o fim da epidemia seja alcançado até 2030, será necessário o crescente comprometimento da comunidade global e dos países mais afetados para com a continuidade dos investimentos que retornaram resultados notáveis ao longo dos últimos dez anos.

Acesse o relatório em http://bit.ly/GAPreport2014

Com informações da ONU

Fonte: ONU