África em Conto: ‘O menino Opapo’

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Foto de Virgínia Maria Yunes em Bissau – Guiné-Bissau

Por Fabiana Gelard, Sónia Maria Ramos Gonçalves, Euclides Gomes da Silva,
Arsênio Vieira e Fino Vessan Mendes

Opapo era um pequeno menino que morava com sua avó Nanpili, no coração da
Guiné-Bissau. Todos da comunidade diziam que ele seria um homem forte e corajoso,
já que era neto de um grande homem da aldeia. Seu avô, Nantoi, havia sido régulo
e morreu fazia pouco tempo.

Certa vez, Opapo, na tentativa de mostrar a todos que já era um homem
forte teve uma ideia: buscaria a grande lua para dar de presente ao seu povo. Passou
dias quieto pensando em como realizaria tal feito. Na primeira noite de lua cheia estava
Opapo olhando para o céu quando percebeu que, no alto da montanha sobre a copa do
grande baobá, ela aparecia linda e radiante. Assim, bolou um plano para ser realizado dali
a três noites!

As noites pareciam passar devagar para Opapo! Mas, a noite marcada chegou e o
pequeno menino saiu de casa pé ante pé em busca do presente que provaria para todos que, apesar de pequeno ela já era um homi garandi tal como foi seu avô.

Assim, atravessou o vale e subiu a enorme montanha. Chegando aos pés do baobá olhou
bem para cima e lá estava ela, como ele havia visto noites atrás.

O dia já estava quase clareando quando ele enfim chegou até a copa da árvore. Muito
cansado, se descuidou e caiu lá de cima. Por sorte vinha passando, naquele exato
momento, uma menina da aldeia que ali estava para buscar água no rio. Ao ver o neto de
Nantoi e Nampili caído no chão correu de volta para a aldeia acordando quem ainda por
ventura estivesse dormindo.

Dona Nanpili, às pressas, pegou um balei bem grande e correu para buscar seu neto. Depois de acariciar a pequena criança, dona Nanpili colou-o no balei e voltou para casa cantando:

Opapo, Opapo, Opapo ka ta medi (2x)
O pequeno respondia:
Dona, ami n’ta medi, ndé!

Cantando, sua sábia avó foi dizendo que ele não precisava ter medo. Que um dia ele
seria um grande homem e faria muitas coisas por sua comunidade, mas que tudo tinha
seu tempo. Que o tempo é o grande senhor que determina nossos caminhos e que, para
caminhar com ele, é necessário aprender com as pessoas mais velhas a respeitar as
etapas da vida.