Eleições no Zimbábue: Oposição diz que vitória de Mnangagwa é uma fraude

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Mnangagwa – Arquivo Pessoal

Por dentro da África

Após o anúncio do resultado das eleições presidenciais e legislativas no Zimbábue, o MDC (Movimento pela Mudança Democrática) afirmou que a votação – realizada nesta segunda-feira – havia sido fraudada pelo Zanu (PF), partido que está no poder. Os protestos violentos que tomaram as ruas da capital Harare deixaram dezenas de feridos e seis mortos.

Após ser comandado durante 30 anos (1987-2017) pelo mesmo presidente (Robert Mugabe), a população do Zimbábue foi às urnas para eleger o próximo governante. Desde novembro passado, quando Mugabe foi deposto, o país é governado por Emmerson Mnangagwa (Zanu – PF), de 75 anos. De acordo com a Comissão Eleitoral, Mnangagwa teria vencido com 50,8% dos votos.

“Esse resultado presidencial é fraudulento, ilegal, ilegítimo e caracterizado por sérias lacunas de credibilidade e sérios problemas de legitimidade que devem ser levantados”, disse em coletiva de imprensa, o candidato da oposição, Nelson Chamisa, que ficou com 44,3% dos votos.

Emmerson Mnangagwa – Arquivo Pessoal

Mnangagwa estudou direito na Universidade da Zâmbia e depois na Universidade de Londres.  Em Moçambique, ele conheceu Robert Mugabe e se tornou seu guarda-costas, acompanhando-o no Acordo de Lancaster House, que resultou na independência do Zimbábue.

Após a independência do Zimbábue (declarada em 1965, mas reconhecida apenas em 1980), Mnangagwa ocupou uma série de altos cargos ministeriais sob o comando de Mugabe, inclusive como ministro de Segurança do Estado entre 1982 e 1985.

Primeira eleição sem Mugabe em quase 40 anos

Mugabe foi primeiro-ministro do Zimbábue de 1980 até 1987, depois se tornou presidente de 1987 até 2017. Em novembro passado, após a sua destituição, o seu substituto, Mnangagwa, apresentou um projeto para revitalizar a economia prometendo governar em nome de todos os cidadãos do país.

H.E.THE PRESIDENT OF ZIMBABWE ROBERT GABRIEL MUGABE. 69th UN General Assembly – YouTube

“Na época, o Exército insistiu em não rotular a intervenção como um golpe (o que estava acontecendo tinha características de golpe). Este enquadramento cuidadoso foi oportuno porque com o conhecimento da maioria das pessoas sobre a natureza violenta dos golpes que foram encenados em outros países africanos, isso ajudou a aliviar o possível pânico e medo que poderia ter atingido a nação”, disse ao Por dentro da África, Selina Linda Mudavanhu, Phd em Estudos de Mídia da Universidade da Cidade do Cabo.