Deslocamento forçado é o maior em 18 anos, revela relatório da ONU

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Refugiados no Chade - Foto ONU - L. BorisenkoRio – Relatório global do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) lançado nesta quarta-feira revela número recorde de pessoas refugiadas ou deslocadas internas no mundo desde 1994, ressaltando que a crise na Síria é o novo grande fator de deslocamento global.

O documento mostra que, no final de 2012, mais de 45,1 milhões de pessoas estavam em situação de deslocamento – em comparação aos 42,5 milhões no final de 2011. Essas estatísticas incluem 15,4 milhões de refugiados, 937 mil solicitantes de asilo e 28,8 milhões de pessoas forçadas a fugir dentro das fronteiras de seus próprios países.

A guerra permanece a causa dominante do deslocamento forçado. Cerca de 55% dos refugiados listados no relatório do ACNUR vêm de apenas cinco países, todos afetados pela guerra: Afeganistão, Somália, Iraque, Síria e Sudão. O relatório possui também gráficos sobre os deslocamentos a partir do Mali, da República Democrática do Congo e do Sudão para o Sudão do Sul e Etiópia.

O relatório destaca tendências preocupantes em diversas áreas, entre elas a taxa de deslocamento atual. Em 2012, cerca de 7,6 milhões de pessoas foram forçosamente deslocadas, 1,1 milhão delas como refugiadas e 6,5 milhões como deslocados internos. Isto significa um novo refugiado ou deslocado interno a cada 4,1 segundos.

Evidencia-se também a lacuna contínua entre os países mais ricos e os mais pobres quando se trata de quem está acolhendo refugiados. Dos 10,5 milhões de refugiados sob o mandato do ACNUR, metade reside em países com PIB per capita é inferior a 5 mil dólares.

Outros dos 4,9 milhões de refugiados palestinos estão sob o mandato da UNRWA, uma agência da ONU que cuida apenas dessas populações no Oriente Médio. Ao todo, os países em desenvolvimento hospedam 81% dos refugiados comparados aos 70% de uma década atrás.

Crianças menores de 18 anos representam 46% de todos os refugiados do mundo. Além disso, em 2012, um número recorde de 21.300 solicitações de refúgio foi apresentado por crianças desacompanhadas ou separadas de seus pais. Esse é o maior número já registrado pelo ACNUR em toda sua história.

Para calcular o deslocamento global a cada ano, o relatório do ACNUR realiza a soma de novos deslocamentos com aqueles permanecem irresolutos, subtraindo os deslocamentos resolvidos – por exemplo, pessoas que retornaram para seus locais de origem ou que foram instaladas definitivamente fora de seu país por meio de nova cidadania ou outra solução duradoura.

Paquistão ainda abriga maior número de refugiados

Em 2012, a agência registrou a solução do deslocamento para cerca de 2,7 milhões de pessoas – entre elas 526 mil refugiados, 2,1 milhões de deslocados internos e 74,8 mil pessoas reassentadas pelo ACNUR em terceiros países.

Refugiados sírios - Photo: UNHCR/S. MalkawiNo último ano, houve poucas mudanças em relação a 2011 quanto ao ranking dos países com maiores populações de refugiados. O Paquistão permanece em primeiro lugar (1,6 milhão de refugiados), seguido pelo Irã (868.200) e Alemanha (589.700).

O Afeganistão permanece como o principal país de origem de refugiados, posição que ocupa por 32 anos. Em média, um em cada quatro refugiados no mundo é do Afeganistão, com 95% residindo no Paquistão ou no Irã.

A Somália, outro país em conflito prolongado, foi o segundo principal país de origem de refugiados em 2012. No entanto, a taxa de saída dos refugiados diminuiu. Iraquianos foram o terceiro maior grupo (746.700 pessoas), seguido por sírios (471.400).

Com mais pessoas deslocadas dentro dos seus próprios países, o número de 28,8 milhões em 2012 é um dos maiores das últimas duas décadas. Isso inclui 17,7 milhões que estão sendo ajudados pelo ACNUR. A assistência para estes deslocados internos não é automática, ocorrendo com o pedido dos governos. Novos deslocamentos internos significativos foram assistidos na República Democrática do Congo e na Síria.

Com informações da ONU