As conquistas dos africanos na primeira semana da Olimpíada Rio 2016

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Photo by Buda Mendes/Getty Images)
Prova dos 10 mil metros – Photo by Buda Mendes/Getty Images) – Paul Kipngetich Tanui of Kenya, Gold medalist Mohamed Farah of Great Britain and Bronze medalist Tamirat Tola of Ethiopia

Por Andre Carlos Zorzi, Por dentro da África 

Já estamos vivendo a reta final do Rio-2016, na última semana olímpica do evento, que se encerra dia 21 de agosto. Até o momento, a África conta com duas medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze. Separamos abaixo o que houve de melhor para os participantes africanos até o momento nos jogos! Confira:

África do Sul

 Cameron van der Burgh
Cameron van der Burgh – OLYMPIC
Chad+Le+Clos+Reuters1
Chad+Le+Clos – Olympic – Reuters

    A primeira medalha africana no Rio-2016 veio justamente da delegação com o maior número de medalhas do continente até agora: A África do Sul. Cameron van der Burgh conquistou a prata nos 100m peito no dia 7 de agosto.  A natação masculina ainda trouxe mais duas conquistas para o país, graças a Chad Le Cos, prata nos 200m livres e nos 100m borboleta.

 Lawrence Brittain e Shaun Keeling
Lawrence Brittain e Shaun Keeling – Olympic

Ainda na área aquática, Lawrence Brittain e Shaun Keeling conquistaram a prata na categoria do remo em duplas.

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 13: Luvo Manyonga of South Africa celebrates after the Men's Long Jump Final on Day 8 of the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Stadium on August 13, 2016 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Shaun Botterill/Getty Images)
Luvo Manyonga of South Africa celebrates after the Men’s Long Jump Final Photo by Shaun Botterill/Getty Images

A primeira medalha sul-africana no atletismo veio com Luvo Manyonga, atleta que superou uma longa suspensão por doping e conseguiu a prata no salto em distância, ao pular 8,37m, apenas 0,01m a menos que o estadunidense Jeff Henderson.

Etiópia e Quênia

Jemima-Jelagat-Sumgong
Jemima Sumgong – AFP

 

 

As duas potências do atletismo de longa distância sempre são promessas de medalha para a África, e desta vez não foi diferente. Numa maratona feminina acirrada, a queniana Jemima Sumgong conquistou a medalha de ouro, com o tempo de 2h24m04s, apenas nove segundos à frente de Eunice Kirwa, do Bahrein, enquanto a etíope Mare Dibaba levou o bronze, em 2h24m30s. 17 segundos depois, veio Tsegaye Tirfi, também da Etiopia, na quarta colocação.

Foto - Almaz Ayana - iaaf.org
Foto – Almaz Ayana – iaaf.org

Talvez o maior feito africano das Olimpíadas 2016 tenha vindo de um dos mais antigos países do mundo, com a corredora Ayana Almaz, que levou o ouro nos 10.000m, e quebrou o recorde mundial da prova.

Essa foi apenas a segunda vez que a atleta disputou oficialmente uma prova dos 10.000m, tendo estreado em Hengelo, há alguns meses, com um tempo de 30m07s00 o mais rápido de uma estreante na história. Agora, superou o recorde da chiensa Wang Junxia, que persistia desde 1993, com 29m31s78. A etíope conseguiu terminar a prova em 29m17s45.

reuters
Pódio com Quênia e Etiópia – Reuters

Na mesma prova, a queniana Vivian Cheruiyot e a etíope Tirunesh Dibaba completaram o pódio, ofuscadas pelo feito de Almaz, mas nem por isso com menos importância. O top 5 da prova também contou com as quenianas Alice Nawowuna e Betsy Saina. Pela primeira vez na história, quatro atletas terminaram a prova com um tempo inferior a meia hora.

Já a prova dos 10.000m contou com um pódio africano, com Paul Tanui, do Quênia, levando a prata, e Tamirat Tola, da Etiópia, com o bronze. Apenas um centésimo atrás dele, veio o também etíope Yigrem Demelash.

Mo Farah
Mo Farah – Olympic

Curiosamente, a prova foi vencida por Mo Farah, um dos mais conhecidos atletas da atualidade, que compete sob a bandeira do Reino Unido, onde passou a maior parte de sua vida, mas possui uma importante ligação com o continente africano: Nasceu em Mogadishu, capital da Somália, e passou parte de sua infância no Djibuti, outro país do Chifre Africano.

Norte da África

Tunisia's bronze medallist Ines Boubakri cries on the podium during the medal ceremony for the women's individual foil fencing event of the Rio 2016 Olympic Games at the Carioca Arena 3 in Rio de Janeiro on August 10, 2016. / AFP PHOTO / Kirill KUDRYAVTSEV
Tunisia’s bronze medallist Ines Boubakri AFP PHOTO / Kirill KUDRYAVTSEV

A esgrimista tunisiana Inès Boubakri conquistou a medalha de bronze no florete individual feminino, na esgrima. Nas primeiras etapas, deixou para trás Noura Mohamed (Egito, 15 x 4), Shisho Nishioka (Japão, 15 x 10) e Eleanor Harvey (Canadá, 15 x 13). Nas semifinais, perdeu para Elisa Di Francisca (Itália, 9 x 12), ganhando o direito de disputar o terceiro lugar, quando venceu a russa Aida Shanayeva pelo placar de 15 x 11.

Sara
Sara Ahmed Samir – Olympic

A levantadora de peso Sara Ahmed Samir, de apenas 18 anos, conseguiu aguentar nada menos que 255 quilos na categoria para mulheres de até 69 quilos, tornando-se a primeira mulher egípcia a conquistar uma medalha olímpica na história, e também a primeira árabe a alcançar o pódio no levantamento de peso. O Egito também conquistou outro bronze com Mohamed Ihab, na categoria para homens de até 77 quilos.

Esportes Coletivos

No handebol masculino, o Egito conseguiu vencer a Suécia (26 x 25) e empatar com o Brasil (27 x 27), além de perder para Eslovênia (26 x 27) e Polônia (25 x 33), e ainda tem chances de se classificar à próxima fase, caso vença a Alemanha. Os tunisianos, por sua vez, jogarão contra a Croácia sem chances de avançar de fase, já que empataram com o Catar, e perderam todas as outras partidas, diante de Argentina, Dinamarca e França.

Goleira ba - Angola - Foto de Getty Imagens
Goleira Ba – Angola – Foto de Getty Imagens

Já na categoria feminina, Angola vem indo bem até o momento, e chamou atenção por uma das atletas mais queridas pela torcida local na disputa, a goleira Bá, que faz um rodízio com as outras jogadoras da posição, Neide e Cristina. Bá pesa mais de 100 quilos e foge dos padrões que o público está acostumado a encontrar em esportistas, cativando assim a simpatia de muitas pessoas, além de boas atuações nos jogos.

As angolanas venceram a Romênia (23 x 19) e Montenegro (27 x 25). Em seguida, perderam para a Noruega (30 x 20) e Brasil (28 x 24), chegando à última rodada com chances reais e avançar de fase, em jogo contra a Espanha, que não havia sido realizado até o fechamento deste texto. Poderiam se classificar até mesmo perdendo sua partida, caso a Romênia seja derrotada pela Noruega.

Futebol masculino da Nigéria - Olympic
Futebol masculino da Nigéria – Olympic

No futebol masculino, a Nigéria sagrou-se líder de seu grupo na primeira fase, e superou a Dinamarca por 2 x 0 nas quartas de final. Disputam as semis diante da poderosa Alemanha na próxima quarta-feira, e brigarão por medalha até o último jogo. África do Sul e Argélia acabaram eliminadas na primeira fase. A África do Sul conquistou um bom empate contra o Brasil em sua estreia, mas não foi capaz de vencer os iraquianos para se classificar no derradeiro jogo. Já os argelinos marcaram gols em todas as partidas, mas conquistaram apenas um ponto e deram adeus à competição.

Já no feminino, as sul-africanas perderam suas duas primeiras partidas por placares apertados, e conquistaram um valoroso empate diante do Brasil, ainda que sem suas principais jogadoras por boa parte do jogo. Já o Zimbábue acabou sendo a pior equipe do torneio, mas, como consolação, foram capazes de balançar as redes em todas as partidas: perderam por 3 x 1 para o Canadá, e foram goleadas por 6 x 1 contra Alemanha e Austrália.

No basquete masculino a Nigéria encontra-se na última posição de seu grupo, e precisa vencer o Brasil e torcer por outros resultados na última rodada para avançar de fase. Ao longo da competição, venceram apenas a Croácia, por 90 x 76. Já no feminino, o Senegal acabou eliminado com derrotas contra Sérvia, China, Canadá, Espanha, além de sofrer o placar mais elástico dos jogos: 121 x 56 contra os Estados Unidos.

Egito Volei - PresstvNo vôlei masculino, o Egito conseguiu vencer apenas uma partida, diante de Cuba, por três sets a zero, e precisaria de um milagre para avançar de fase. Já na categoria feminina, a seleção camaronesa perdeu todas suas partidas, e conseguiu dois sets apenas em sua penúltima derrota, contra a Argentina.

No rugby, o time da África do Sul venceu a Espanha (24 x 0), França (26 x 0) e perdeu para a Austrália (12 x 5), conquistando a liderança de seu grupo na fase inicial. Na partida seguinte, veioSouth Africa Rugby a revanche contra os australianos, quando venceram por 22 x 5. Na semi-final, derrota por 7 x 5 para a Grã-Bretanha. Restava a disputa do bronze, onde levaram a melhor por 54 x 14.

O Quênia foi lanterna de seu grupo, com derrotas diante de Japão, Nova Zelândia e Grã-Bretanha. Na briga por uma vaga na disputa pelo nono lugar, os quenianos foram derrotados pela Espanha, por 14 x 12, mas conseguiram vencer o Brasil na disputa para ver quem ficava em penúltimo, pelo placar de 24 x 0.

Já na categoria feminina, as quenianas também conseguiram os mesmos resultados, e perderam para Nova Zelândia, França e Espanha, sendo lanternas de seu grupo. Perderam para o Japão em seguida por 24 x 0, e na disputa pelo penúltimo lugar venceram a Colômbia por 22 x 10.

Polêmicas

Nem tudo é festa nos jogos. O dirigente de atletismo Michael Rotlich foi mandado de volta para o Quênia por conta de um escândalo descoberto por jornais, de que estaria supostamente cobrando 10 mil libras para dar informações privilegiadas e auxiliar treinadores em relação a testes anti-doping na competição. Uma corte de Nairóbi definiu que ele pode ficar detido por até quatro semanas para que as investigações sejam feitas.

John Anzrah
John Anzrah

Outro caso que chamou atenção foi o do técnico John Anzrah, que usou a credencial do atleta queniano Ferguson Rotich para a realização de exames anti-doping, e até assinou documentos em seu nome diante da organização do evento.

Marc Corstjens, agente do atleta, alegou que Ferguson pediu ao treinador que fosse em seu lugar para poder tomar o café da manhã gratuito na Vila Olímpica. Ele também afirmou que o corredor está confuso, e não esperava que o controle de doping pudesse surpreende-lo àquele dia, e já entregou amostras de sangue e urina à entidade.