Infância entre Divindades: As crianças no xirê do candomblé

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Foto de Roger Cipó

Por Roger Cipó, Por dentro da África

São Paulo – O candomblé é uma religião fundada pelos povos africanos no Brasil na tentativa de restabelecer as relações familiares que foram interrompidas com o desumano processo de escravização de mulheres, homens e crianças negras.

Comunidades religiosas se reconhecem e se organizam a partir dessas referências. São mães, pais, filhas, filhos, tios, avós, avôs de santo, constituindo famílias de axé e propagando assim um dos sistemas religiosos mais complexos do mundo, interligando humanidade e natureza, amparados nos conceitos civilizatórios africanos onde a família extensa é a base.

Essa é uma noção de família acolhedora, que respeita diversidades e abraça diferentes pela unidade e fortalecimento da identidade individual e coletiva. Nesse contexto, a criança de terreiro é educada com olhar especial. Aprende desde cedo o verdadeiro sentido de respeito e crescem sob à luz e cuidados de deuses e deusas africanas.

Foto de Roger Cipó
Foto de Roger Cipó

O Candomblé valoriza a família, a vida em família e é uma família; sendo assim, a criança é vista como um vir a ser e como a continuidade da família e da vida em família – ela é e deve ser elemento nuclear e protagonista neste universo africano”, explica o professor Dr. e Babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, e completa: neste Candomblé cíclico e contínuo, a criança iniciada tem papel de protagonista e tem seu espaço, ela é honrada, louvada e protegida, como criança, que será o futuro da comunidade, porque sabem que, efetivamente, ela o será. Em uma sociedade que nega o espaço a esta criança, encontrar um espaço privilegiado no Candomblé pode, em certa medida, compensar esta ausência e, por isso, ela gosta de estar nele”.

A série fotográfica “Uma Infância entre Divindades – as Crianças no xirê do Candomblé” compartilha expressões de crianças durante celebrações de terreiros de candomblé. Para elas, sagrados territórios, onde estão protegidas da intolerância religiosa, um dos tentáculos mais perversos do racismo, mal presente nos diferentes espaços sociais e que faz do ambiente escolar, um dos mais nocivos para quem cresce com fé nos orixás, como constatou a pesquisadora e professora Stela Guedes Caputo. Confira a série:

*Xirê é uma palavra Yorubá que significa roda, ou dança utilizada para evocação dos Orixás conforme cada nação.

Foto de Roger Cipó
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