Pesquisa aponta crise na educação de crianças refugiadas

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A refugee child writes on a small chalkboard in a Temporary Learning and Child Protection Space (ETAPE) in Gado refugees’ site where around 23,000 Central African Republic refugees live in the eastern region of Cameroon. Photo: UNICEF/Aziz Froutan
A refugee child writes on a small chalkboard in a Temporary Learning and Child Protection Space (ETAPE) in Gado refugees’ site where around 23,000 Central African Republic refugees live in the eastern region of Cameroon. Photo: UNICEF/Aziz Froutan

Com informações da ONU

Mais de 3,5 milhões de crianças refugiadas com idade entre 5 e 17 anos não tiveram a chance de frequentar a escola no último ano letivo, mostrou a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em relatório divulgado na segunda-feira (11).

Desse total, cerca de 1,5 milhão são crianças refugiadas que não tiveram acesso ao ensino fundamental, enquanto 2 milhões de refugiados adolescentes não frequentaram o ensino fundamental.

O relatório “Left Behind: Refugee Education in Crisis” (Deixados para trás: crise na educação de refugiados, em tradução livre) compara estatísticas do ACNUR com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre inscrições escolares em todo o mundo. Globalmente, 91% das crianças frequentam a escola. Entre os refugiados, este índice é bem menor, de apenas 61%. Em países de baixa renda, chega a ser inferior a 50%.

Conforme as crianças refugiadas vão crescendo, os obstáculos também aumentam: apenas 23% de adolescentes refugiados estão matriculados no ensino médio, em comparação com 84% globalmente. Em países de baixa renda, apenas 9% dos refugiados têm a oportunidade de frequentar a escola.

A situação é ainda mais crítica em relação ao ensino superior. Em todo o mundo, 36% das pessoas chegam à universidade. Para os refugiados, apesar de aumentos consideráveis em números gerais graças ao investimento em bolsas de estudo e outros programas, o percentual continua em 1%.

A agência da ONU alerta que se a comunidade internacional não agir para reverter essas tendências, não conseguirá alcançar seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que visam a transformar o mundo até 2030.

O objetivo número 4, que trata de “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”, não será atingido sem que se atenda às necessidades educacionais das populações mais vulneráveis, incluindo pessoas refugiadas e outras que foram forçadas a se deslocar. Outros ODS ligados a saúde, prosperidade, igualdade e paz estarão ameaçados se a educação for negligenciada, alertou.

O relatório defende que a educação seja considerada uma resposta fundamental nas emergências que envolvem pessoas refugiadas, e que receba apoio por meio de um planejamento de longo prazo e financiamento estável. O documento solicita ainda que os governos incluam os refugiados em seus sistemas nacionais de educação como forma de oferecer uma resposta mais eficaz, igualitária e sustentável, e destaca alguns esforços notáveis feitos no sentido de implementar essas políticas – mesmo em países onde os recursos já estejam sobrecarregados.