Marielle Franco: Assassinato de ativista brasileira gera comoção internacional

0
272
Marielle Franco - Foto de Mídia Ninja
Marielle Franco – Foto de Mídia Ninja

Por dentro da África

O assassinato da brasileira Marielle Franco, reconhecida defensora dos direitos humanos que atuava contra a violência policial e pelos direitos das pessoas afrodescendentes, levou manifestantes de várias cidades do Brasil e do mundo às ruas para pedir justiça. O crime aconteceu nesta quarta-feira (14), na cidade do Rio de Janeiro.

Nos últimos dias, a vereadora do PSOL fazia uma série de denúncias de tortura e execuções em Acari, zona norte da cidade. Ontem, durante o ataque que tirou a vida da ativista, nenhum objeto foi levado, o que aponta, claramente, para um crime com sinais de execução.

Protesto na cidade de Porto Alegre - Mídia Ninja
Protesto na cidade de Porto Alegre – Mídia Ninja

Após sair de um encontro com mulheres negras – Roda de conversa Mulheres Negras Movendo Estruturas, a vereadora entrou no carro e, junto com Anderson Pedro Gomes (motorista) e Fernanda Chaves (assessora), seguiram. Quatro quilômetros depois, os três foram surpreendidos por homens armados em outro carro. Dos nove tiros disparados, quatro atingiram Marielle na cabeça. Ela e Anderson morreram, Fernanda, que estava ao lado da vereadora, no bando traseiro, sobreviveu.

Nesta quinta-feira, manifestantes de todo o Brasil e de diferentes cidades do mundo foram às ruas em protesto pelo assassinato de uma mulher que representava muitas lutas. Marielle, mulher negra, pobre e nascida na favela, denunciava abusos policiais, lutava por melhores condições para mulheres negras da periferia, defendia os direitos e liberdades com empenho e respeito pela civilidade.

Manifestação nas ruas do centro do Rio de Janeiro - Mídia Ninja
Manifestação nas ruas do centro do Rio de Janeiro – Mídia Ninja
Foto de protesto em Buenos Aires, Argentina
Foto de protesto em Buenos Aires, Argentina
Fotos de protesto em Montivideo - Uruguai
Fotos de protesto em Montevideu – Uruguai

A vereadora de 38 anos nasceu e cresceu na Maré, comunidade na zona norte da cidade do Rio, conhecida por fragilidades nas áreas da educação, saúde e segurança pública. Ela se formou em Ciências Sociais pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

A sua militância na defesa dos direitos humanos e contra ações violentas na favela ganhou força após a morte de uma amiga, vítima de bala perdida, durante um tiroteio envolvendo policiais e traficantes de drogas no bairro onde Marielle vivia e onde ela viu nascer a filha, quando tinha 19 anos.

Em 2006, a ativista integrou a equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Com a posse de Freixo, foi nomeada assessora parlamentar do deputado. Anos depois assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em 2016, sua primeira disputa eleitoral, foi eleita vereadora na capital fluminense pela coligação Mudar é possível, formada pelo PSOL e pelo PCB. Com mais de 46 mil votos, foi a quinta candidata mais votada na cidade.

Nesta quinta, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) divulgou nesta quinta-feira uma nota sobre o assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes.

“Condenamos o profundamente chocante assassinato no Brasil da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista. Entendemos que as autoridades se comprometeram a realizar uma completa investigação dos assassinatos ocorridos no Rio de Janeiro na quarta-feira à noite. Apelamos para que essa investigação seja feita o quanto antes, e que ela seja minuciosa, transparente e independente para que possa ser vista com credibilidade”, disse aporta-voz do ACNUDH, Liz Throssell.

Foto no Parlamento Europeu
Foto no Parlamento Europeu