Agência da ONU defende papel-chave das mulheres na prevenção de conflitos

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Mulheres e meninas no Sudão vivem em profunda desigualdade, subdesenvolvimento, pobreza e ambiente por vezes hostil. Foto: UNAMID/Albert González Farran
Mulheres e meninas no Sudão vivem em profunda desigualdade, subdesenvolvimento, pobreza e ambiente por vezes hostil. Foto: UNAMID/Albert González Farran

Com informações da ONU

Lembrando o papel essencial das mulheres na prevenção dos conflitos pelo mundo, a chefe da ONU Mulheres pediu na segunda-feira (28) maiores esforços para alocar ao menos 15% dos recursos destinados às áreas de segurança e paz das Nações Unidas para a questão da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres.

“As mulheres precisam ter recursos para que possam fazer mais”, disse a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ao Conselho de Segurança, durante a abertura de um debate sobre o papel das mulheres na prevenção dos conflitos na África.

“Nossa pesquisa mostra que as mulheres têm um papel-chave na redução da escalada das tensões e no combate à radicalização em suas famílias. No Mali, a influência mais importante para a bem sucedida reintegração de muitos ex-combatentes tem sido as mulheres em suas famílias e comunidades”, disse Mlambo-Ngcuka.

Na região do Sahel, a renda, o status e a resiliência das mulheres têm sido impulsionados por programas que endereçam a desigualdade de gênero no acesso à terra e a outros ativos produtivos, lembrou. Em áreas pobres do Quênia, organizações de mulheres estão usando mães para identificar e combater a disseminação da radicalização, e no Burundi, centenas de mediadoras mulheres estão trabalhando sem descanso para resolver conflitos locais.

De acordo com o “Estudo Global sobre Mulheres, Paz e Segurança”, países com menores níveis de desigualdade de gênero são menos propensos a recorrer ao uso da força; a segurança das mulheres é um dos indicadores mais confiáveis sobre a paz em um Estado; e os diferentes padrões de gastos das mulheres contribuem diretamente para a recuperação social pós-conflito, afirmou a diretora-executiva da ONU Mulheres.

“O compromisso para alocar ao menos 15% dos fundos destinados às áreas de segurança e paz para a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres precisa se tornar realidade. Isso precisa ser estendido a todos os esforços de combate ao extremismo violento”, acrescentou.

Mlambo-Ngcuka também declarou que organizações de mulheres precisam receber apoio político e financeiro para se engajar na prevenção da violência, mediação e diplomacia, enquanto investir na igualdade de gênero como parte da Agenda 2030 “é a melhor receita para uma prevenção estrutural e de longo prazo”.

Apesar disso, frequentemente, o papel das mulheres na prevenção dos conflitos não é abordado em reuniões oficiais sobre paz e segurança, lembrou.

Mlambo-Ngcuka deu ainda exemplos concretos de prevenção de conflitos liderada por mulheres na África, incluindo a criação de mecanismo de monitoramento para apoiar candidatas e lutar contra a discriminação nos processos eleitorais, a violência eleitoral baseada em gênero e assédios.

Nos últimos cinco anos, o mecanismo tem sido adotado em Guiné Bissau, Quênia, Libéria, Mali, Senegal, Serra Leoa e Uganda, e o modelo tem sido replicado em uma crescente lista de países pela África com o apoio da ONU Mulheres.

Igualdade de gênero na mídia

No mesmo sentido de promover a igualdade de gênero em diversos setores da sociedade, a ONU Mulheres lançou na semana passada parceria com importantes veículos da imprensa mundial para iniciativas de defesa dos direitos das mulheres, em acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

A iniciativa, chamada “Defenda a Igualdade de Gênero na Mídia”, reuniu uma coalizão de veículos da imprensa escrita, televisiva e online de cada região do globo.

Ao assinar o documento, os veículos se comprometem a defender os direitos das mulheres e as questões de igualdade de gênero por meio de editoriais; garantir a inclusão de mulheres como fontes de reportagens publicadas tendo em vista a paridade de gênero; adotar um código de conduta para as reportagens; e garantir que as mulheres jornalistas tenham orientações para evoluir na carreira.

Mais de 35 veículos de mídia comprometeram-se com a iniciativa, que deve atingir milhões de leitores na África, no Oriente Médio, na região da Ásia-Pacífico, Europa e América Latina. Entre algumas das empresas estão South African Broadcasting Corporation, Good Housekeeping e TV Azteca.