São Paulo: Ciclo de debates aborda legado literário de Carolina Maria de Jesus

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A escritora durante a noite de autógrafos do livro Quarto de Despejo, em São Paulo, 1960. Divulgação
A escritora durante a noite de autógrafos do livro Quarto de Despejo, em São Paulo, 1960. Divulgação

Com informações do SESC

Considerada umas das primeiras escritoras negras do Brasil, Carolina Maria de Jesus nasceu na cidade de Sacramento em Minas Gerais, mas foi numa favela de São Paulo que ela tornou-se escritora e produziu a obra pela qual é conhecida até hoje: Quarto de Despejo – Diário de uma favelada.

Para apresentar e discutir o legado histórico e literário da escritora, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, em São Paulo, realiza, de 10 a 14 de julho, um ciclo de debates que reúne a filha de Carolina, jornalistas e escritores em torno de sua trajetória e das referências construídas a partir de sua obra.

Confira a programação:

10/7 – O “fenômeno” Carolina Maria de Jesus.
O livro “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, publicado em 1960, voltou a ser debatido em todo o país desde o início deste ano, que marca o 40º aniversário da morte de sua autora, Carolina Maria de Jesus. Transposto para livro, o diário que ela escrevera em seu barraco da favela do Canindé, em São Paulo, em cadernos encontrados (Carolina era catadora de papel) no lixo, fez enorme sucesso. Em uma semana esgotaram-se os 10 mil exemplares da primeira edição, e em poucos meses foram vendidas 100 mil cópias. Audálio Dantas, que descobriu os cadernos de Carolina, quando fazia uma reportagem para a “Folha da Noite” e Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina, debatem o fenômeno, o histórico e o legado da obra de Carolina Maria de Jesus.

Com Audálio Dantas  – jornalista e escritor, recebeu os prêmios Jabuti e o Juca Pato – Intelectual do Ano (UBE), por seu livro As duas guerras deVlado Herzog.

Com Vera Eunice de Jesus  – filha de Carolina Maria de Jesus e professora de educação infantil e ensinos fundamental e médio.

11/7 – O valor literário de Carolina Maria de Jesus
Recentemente o professor de literatura Ivan Cavalcanti Proença disse que a obra de Carolina não pode ser considerada literatura. Argumentou que a produção da escritora teria mais características de um diário, e que diários não são ficcionais. Quando lembramos que “Quarto de Despejo” é leitura obrigatória no vestibular da UNICAMP, somos, considerando a fala de Proença, levados a imaginar que houve um equívoco na inserção do livro na lista da prestigiada Universidade. Será? Cabem algumas indagações: O que é literatura? Quem determina o cânone?

Com Ricardo Ramos Filho – escritor, roteirista de cinema, mestre e doutorando em Letras pela USP.

12/7 – Literatura e Periferia
A obra de Carolina Maria de Jesus produziu diferentes reações, não somente ligadas à crítica literária, mas relacionadas ao processo de constituiçãode uma nova geração de escritores no campo da literatura marginal. Ferréz abordará as relações entre periferia e literatura marginal, tendo em vista o trabalho e o legado de Carolina Maria de Jesus.

Com Ferréz, escritor. Teve suas obras publicadas em diversos países do mundo. É ativista do movimento hip hop e fundou o selo Literatura Marginal.

13/7 – A impactante luz da escrita negra
Carolina Maria de Jesus faz parte do seleto e invisível grupo dos escritores negros brasileiros, que frequentemente têm seus escritos ignorados pelo que chamamos status quo dos princípios acadêmicos de dominação. Mesmo tendo sido a literatura de Carolina traduzida e estudada em todo o mundo, há um forte preconceito sobre a escrita feminina negra. No caso de Carolina Maria de Jesus tal preconceito possui uma tríplice face: é degênero, de etnia e de classe. Este encontro propõe uma discussão acerca dos limites sociológicos que condicionaram a compreensão da obra deCarolina Maria de Jesus.

Com Elisa Lucinda, poeta, atriz, jornalista, professora e cantora. Publicou “Fernando Pessoa, o Cavaleiro do Nada” finalista no Prêmio São Paulode Literatura 2015.

Com Conceição Evaristo, doutora em Literatura Comparada pela UFF. Vencedora do Prêmio Jabuti 2015, na categoria Contos.

14/7 – Carolina e o movimento feminista
Desde a publicação de seu livro “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, Carolina vem sendo objeto de discussão nos meios jornalísticos, literários e acadêmicos. Essa discussão revelou primeiro uma dúvida: o texto de Carolina pode ser considerado literatura? Discutiu-se a miséria, a fome e os preconceitos. Mas, um aspecto para o qual não se deu muita atenção foi o de que o grande sucesso de Carolina se deu paralelamente ao movimento feminista que agitava o mundo todo. Com seu trabalho e coragem, pode ser considerada figura marcante da luta feminina em todo o mundo.

Com Adriana Carranca, escritora e jornalista. É colunista dos jornais OESP e O Globo. É autora de Malala, a menina que queria ir para a escola.

 

Ciclo Carolina Maria de Jesus
De 10 a 14 de julho de 2017, segunda a sexta, das 19h às 21h.
Recomendação etária: 16 anos. Número de vagas: 50.

Preço total: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública);  R$ 15,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes).

 

CENTRO DE PESQUISA E FORMAÇÃO DO SESC

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar.

Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 22h. Sábados, das 9h30 18h30. Tel: 3254-5600.