Babalorixá repudia ataques do presidente da Fundação Palmares

0
1918
Casa de Pai Anderson – Natalia da Luz – UNIC Rio

Por dentro da África

Brasília, Brasil – Em resposta aos ataques sofridos pela Mãe Baiana de Oyá*, o babalorixá Mauro Nunes pediu que a Fundação Palmares cumpra com as suas obrigações lembrando que o povo de terreiro não irá se acovardar. Em áudio vazado* e publicado pelo jornal O Estado de São Paulo nesta terça-feira (2 de junho), Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, proferiu uma série de insultos ao movimento negro e à Mãe Baiana de Oyá, que registrou ocorrência por injúria racial, discriminação racial e discriminação religiosa.

Babalorixá Mauro Nunes – Arquivo Pessoal

“Nós do Ilê Axé Ofá (Rio de Janeiro), tornamos público o nosso repúdio a qualquer tipo de racismo, discriminação, intolerância ou ato de violência direta ou indireta, e nos colocamos ao lado da Iyalorixá conhecida como Mãe Baiana de Oyá (Adna Santos), militante e ativista ferrenha dos direitos dos povos de religiões de matrizes africanas e dos terreiros que vêm sofrendo constantes e violentos ataques.

Não vamos nos calar ou nos esconder! Povo de terreiro não se acovarda e nem deixa irmãos desamparados porque quando um irmão “não tem o que comer”, todxs os outros também passam fome.

Yalorixá Mãe Baiana de Oyá – Arquivo Pessoal – Facebook

As acusações absurdas feitas a Mãe Baiana de Oyá pela atual direção da Fundação Palmares afetam a todos nós, povos de terreiros, pois atacam de forma criminosa a todos nós e vão contra aos que deveriam se sentir amparados por ela.

Nós exigimos o cumprimento das obrigações da Fundação Palmares previstas por lei! Nós do Candomblé estamos unidos contra as violências sofridas pela nossa irmã e não iremos nos calar. Vidas pretas importam. Basta!”

Egbé Ilè Axé Ofá
Babalorixá Mauro Nunes

*Adna Santos, Yalorixá Mãe Baiana de Oyá, é líder dos povos e comunidades tradicionais de matrizes africanas e afro-brasileiras e lutadora pelos direitos dos negros. Vive em Brasília.

*No áudio gravado em 30 de abril, entre muitos insultos, Sérgio Camargo chamou o movimento negro de “escória maldita” formada por “vagabundos”, atacou Zumbi dos Palmares e referiu-se a Mãe Baiana de Oyá como “macumbeira”.