Pesquisador lança livro sobre a história da África e evolução da negritude no Brasil

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Capa divulgação 4Por dentro da África

Sorocaba – No próximo dia 6 de março, o pesquisador e escritor Ademir Barros dos Santos, colaborador do Por dentro da África, lançará a obra “África: nossa história, nossa gente”. O livro, que será apresentado no Núcleo de Educação, Tecnologia e Cultura da Ufscar, em Sorocaba, é resultado de um projeto selecionado no concurso Ideias Criativas da Fundação Cultural Palmares, que teve 238 projetos concorrentes de todo o Brasil.

– Eu levei três anos, ou algo em torno disto, para escrever o curso que serviu de base ao livro. Não sei se terminei de escrevê-lo, embora já publicado. Espero que não! – disse em entrevista ao Por dentro da África o autor que lançará a obra em dez cidades, via Secretarias de Cultura e de Educação; eventualmente, de Sindicatos de Professores, ou de Movimentos Negros organizados locais. 

A obra de Ademir, pesquisador da África e das africanidades, tem 272 páginas e está organizada em três partes: a primeira trata da África como o continente-berço da humanidade. Na segunda parte é analisada a diáspora imposta à população africana, retirada de seu continente e degradada à condição de escrava. E a terceira parte volta-se ao estudo da evolução da negritude no Brasil e das diversas formas de resistência ao processo escravista.

– Como o livro é fruto de exaustivas pesquisas, mas tem, como foco, a desmistificação da historiografia oficial. O que ali será encontrado é o contraponto à fábula insentida, por subliminar, que a África, ao cair do céu em 1500, bate no mar e, com a violência do impacto, espalha escravos para todo lado. Assim sendo, o livro, em linguagem que pretende ser inteligível para uma menina de 15 anos que não terminou o fundamental – o que me permite, além de atingir o leigo, a elegância possível sem o pedantismo acadêmico – contou Ademir. 

Ademir SantosRadicado em Sorocaba, Ademir pesquisa e ensina sobre história e cultura de matriz africana no Núcleo de Cultura Afro-Brasileira da Universidade de Sorocaba (Uniso), bem como em outras instituições de ensino; faz intervenções eventuais em cursos de Direito e em matérias específicas de Filosofia e Teologia para discussões sobre preconceito, racismo e discriminação, além de apresentação do pensamento teológico de matriz africana.

O livro procura explicar a África e as africanidades por outros ângulos, quais sejam a historiografia e a sociedade do continente negro, as agressões sofridas e a desmistificação das justificativas utilizadas para tanto ao sabor dos séculos, o que, de certa forma, permanece até hoje. Prosseguindo, são abordadas as formações das novas sociedades de matriz africana na diáspora americana, moldadas nos caldeirões das senzalas, sob a batuta de colonizadores também diversos, e que, naquele momento, ao se digladiar na Europa pela hegemonia local, produzem reflexos nas sociedades americanas.

– Isto, de tal forma que a França, logo após proclamar uma república que se pretendia fraterna e liberta, logo restaura a monocracia sob Napoleão, que tenta, inclusive – e, em parte, consegue – reimpor a escravidão. Isto posto, o texto se volta à análise das negritudes e de sua evolução no Brasil, dando algum privilégio ao que ensina Clovis Moura em Dialética radical do negro, onde aponta divergências no próprio movimento pela igualdade sócio-racial.

Eventos semelhantes serão realizados para lançamento da obra em outros nove municípios da região. As Rodas de Conversa serão diálogos com a comunidade, nos quais o autor exercerá o papel de mediador e cada cidade indicará quatro debatedores, sendo um educador, um gestor público, um militante negro e um profissional da área de patrimônio histórico. Acompanhe aqui a programação de lançamento 

Ademir deu o nome de “Nossa gente” porque, se o discurso em voga alardeia que todos temos algum sangue negro, no mínimo misturado… Para ele, quem não é, pelo menos, um pouco africano, não sabe o que está perdendo!

– Eu, pelo menos, preto claro, sinto-me muito bem em minha pele preta. Clara. Mas preta como cor da minha alma, que carrega o matiz único de todos os meus pensamentos.

Serviço: Rua Maria Cinto de Biaggi, 130 – Santa Rosália.

Núcleo de Educação, Tecnologia e Cultura da Ufscar-Sorocaba

Dia: 6 de março

De cada evento, pretende-se extrair uma pauta de ações concretas a serem adotadas. Ao final, a obra será comercializada a R$ 10, ou seja, com desconto de 70%, já que seu preço de capa é R$ 40.

Para mais informações, clique aqui

Por dentro da África